NR 35 atualizada: novas regras para escadas, talabartes e trabalho em altura em 2025
A NR 35 acaba de passar por uma das maiores atualizações da última década.
Com a publicação da Portaria MTE nº 1.680/2025, em outubro, o Ministério do Trabalho e Emprego reintroduziu o Anexo III – Escadas de Uso Individual e incluiu novos requisitos técnicos que afetam diretamente empresas, engenheiros e técnicos de segurança que atuam com trabalho em altura.
Mais do que ajustes de texto, a nova norma muda a forma como se planeja, executa e inspeciona atividades em altura. As empresas precisam revisar procedimentos, EPIs, POPs e treinamentos até o início de 2026, ou correm o risco de sanções, acidentes e perda de conformidade legal.
O que motivou a atualização da NR 35 em 2025
O trabalho em altura segue entre as principais causas de acidentes graves e fatais no Brasil, especialmente envolvendo o uso de escadas portáteis e sistemas de proteção improvisados.
O MTE identificou inconsistências e lacunas nas versões anteriores da norma e, por meio da Portaria 1.680/2025, buscou alinhar a NR 35 às diretrizes das NR 01, 06 e 18, reforçando o princípio da gestão de risco ocupacional integrada.
A atualização tem dois objetivos centrais:
- Aumentar a segurança operacional, detalhando critérios técnicos de escadas, talabartes e ancoragens;
- Garantir padronização entre fabricantes, empregadores e profissionais de segurança.
Principais mudanças da NR 35 com a Portaria 1.680/2025
1. Reintrodução do Anexo III – Escadas de Uso Individual
A norma volta a ter um anexo específico para escadas fixas, portáteis e autossustentáveis, definindo regras de projeto, uso, inspeção e marcação.
Entre os destaques:
- Critérios dimensionais obrigatórios (largura, espaçamento, inclinação e afastamentos mínimos);
- Plataformas de descanso a cada 6 m para escadas com altura superior a 10 m;
- Projeto técnico com ART e responsabilidade de profissional habilitado;
- Marcação obrigatória das escadas portáteis (fabricante, CNPJ, carga máxima, inclinação segura, isolamento elétrico, número de série) – com prazo até 1º de janeiro de 2027.
A reintrodução do anexo visa coibir o uso de equipamentos sem procedência ou inadequados, uma das principais causas de quedas em manutenção, obras e serviços prediais.
2. Talabarte com absorvedor de energia passa a ser obrigatório
Uma das mudanças mais impactantes é que sempre que o cinturão paraquedista for utilizado para retenção de quedas, o talabarte deve possuir absorvedor de energia integrado.
A partir da vigência da portaria, modelos antigos de talabartes “secos” não podem mais ser utilizados para retenção de queda.
As empresas precisam revisar seus estoques, substituir equipamentos e garantir treinamento atualizado sobre uso, inspeção e descarte.
3. Glossário técnico e a introdução da Zona Livre de Queda (ZLQ)
O glossário da NR 35 ganhou novos termos oficiais, entre eles:
- Talabarte integrado com absorvedor de energia;
- Zona Livre de Queda (ZLQ) – distância mínima necessária para que, em caso de queda, o trabalhador não colida com estruturas inferiores ou o solo.
A ZLQ deve agora constar nas análises de risco e nos POPs de cada atividade, sendo calculada conforme o tipo de sistema de ancoragem e o comprimento do talabarte. Isso exige maior rigor técnico dos responsáveis pelo planejamento das atividades.
4. Hierarquia de acesso e restrição de uso de escadas fixas
A nova NR 35 estabelece uma hierarquia de acesso:
- Piso ou plataforma fixa;
- Escada coletiva ou rampa;
- Escada de inclinação elevada;
- Escada fixa vertical de uso individual – somente quando tecnicamente inviáveis as opções anteriores.
Essa ordem reforça que a escada é o último recurso, não a primeira opção.
A adoção de escadas fixas verticais sem justificativa técnica pode ser enquadrada como não conformidade grave.
5. Novos prazos e regras de transição
- As alterações entram em vigor em 1º de janeiro de 2026;
- A marcação obrigatória das escadas portáteis deve estar concluída até 1º de janeiro de 2027;
- Projetos e instalações em andamento podem seguir os requisitos anteriores, desde que haja documentação técnica e análise de risco comprovando a data e a compatibilidade com o novo anexo.
Impactos diretos para empresas e técnicos de segurança
As mudanças da NR 35 em 2025 vão muito além da teoria, elas impactam diretamente o dia a dia das operações, a gestão de EPIs e a responsabilidade técnica das empresas.
Com a nova Portaria 1.680/2025, fabricantes, empregadores e profissionais de SST precisarão revisar processos, documentações e equipamentos para garantir que o trabalho em altura siga dentro dos padrões exigidos pelo MTE.
Revisão de equipamentos e fornecedores
É hora de revisar contratos e especificações técnicas. Solicite dos fornecedores de escadas e EPIs laudos de conformidade e certificados atualizados com base no novo anexo.
O setor de compras deve incluir, nos editais e pedidos, a exigência de talabartes com absorvedor integrado e escadas marcadas conforme a norma.
Atualização de procedimentos e documentos
Empresas precisam revisar:
- Análises de Risco (AR);
- Permissões de Trabalho (PT);
- Procedimentos Operacionais Padrão (POPs);
- Planos de Resgate e Emergência.
Todos os documentos devem ser mantidos por no mínimo cinco anos e disponíveis para auditoria.
Treinamento e capacitação
Os treinamentos de NR 35 precisam incluir os novos temas:
- Uso seguro de escadas de uso individual;
- Cálculo e verificação da ZLQ;
- Inspeção de talabartes e EPIs integrados.
A reciclagem continua obrigatória a cada dois anos, com parte prática presencial.
Como se adequar à NR 35 até 2026 – passo a passo
- Mapeie todos os equipamentos de trabalho em altura (escadas, talabartes, ancoragens).
- Realize uma análise de lacunas comparando o cenário atual com as novas exigências da Portaria 1.680/2025.
- Atualize procedimentos operacionais e checklists de inspeção.
- Treine equipes e terceiros com conteúdo atualizado.
- Formalize ARTs de projetos e adequações de escadas fixas verticais.
- Planeje a marcação das escadas portáteis até janeiro de 2027.
- Monitore indicadores de conformidade (ex.: % de equipamentos marcados, treinamentos concluídos, EPIs substituídos).
Dica: mantenha um checklist digital de NR 35 para controle de inspeções e prazos. Isso facilita auditorias e evita autuações.
Consequências do não cumprimento
Empresas que não se adequarem podem sofrer:
- Multas e interdições em fiscalizações do MTE;
- Responsabilidade civil e criminal em caso de acidente;
- Perda de certificações ISO e contratos com grandes clientes;
- Danos à imagem institucional por negligência em segurança.
Além disso, a nova NR 35 reforça a responsabilidade solidária entre contratantes e contratadas, terceirizadas em desacordo podem comprometer toda a cadeia de prestação de serviços.
As mudanças da NR 35 em 2025 vão exigir planejamento técnico, investimento em equipamentos adequados e revisão documental.
Mais do que uma obrigação legal, a atualização representa um avanço na cultura de segurança, alinhando o Brasil às melhores práticas internacionais de trabalho em altura.
Empresas que se anteciparem à adequação reduzirão riscos, evitarão multas e reforçarão sua reputação como organizações responsáveis e seguras.
