Limpeza, Higienização e Manutenção dos EPIs: Como Cumprir a NR 6 e Evitar Multas, Processos e Riscos no Trabalho
Quando falamos sobre gestão de EPI, muitos imaginam que a principal obrigação da empresa é fornecer os equipamentos certos e colher a assinatura na ficha de entrega.
Mas a realidade é bem mais ampla. Um EPI sujo, mal higienizado ou sem manutenção deixa de oferecer proteção e, pior, gera riscos à integridade do trabalhador e à segurança jurídica da empresa.
Desde a atualização da NR 6, em vigor desde janeiro de 2023, as exigências estão ainda mais rigorosas. As responsabilidades da empresa sobre os cuidados com os EPIs não se limitam apenas à entrega: envolvem também procedimentos claros de limpeza, higienização, inspeção e manutenção periódica.
Neste artigo, nós da SELF Engenharia, especialistas em Segurança do Trabalho, vamos esclarecer de forma prática e objetiva como sua empresa deve cumprir esses requisitos, além de apresentar boas práticas que ajudam a evitar multas, processos e, principalmente, acidentes.
Limpeza, higienização e manutenção de EPI. Por que isso é mais importante do que parece?
Muitas vezes, a falta de acidentes aparentes faz com que alguns processos sejam subestimados. Entretanto, negligenciar as rotinas de limpeza, higienização e manutenção dos EPIs é um erro que gera consequências sérias:
- Perda da eficácia do EPI;
- Exposição do trabalhador ao risco, mesmo acreditando estar protegido;
- Risco jurídico, com possibilidade de multas, ações trabalhistas e penalizações previdenciárias e criminais;
- Redução da vida útil dos equipamentos e aumento dos custos operacionais.
É fundamental entender que não basta entregar o EPI. Ele precisa estar sempre em perfeitas condições de uso. E isso só é possível se houver uma rotina clara e bem executada de limpeza, higienização, inspeção e manutenção.
Quais EPIs exigem mais atenção?

Na prática, todos os EPIs devem passar por esse processo. No entanto, alguns exigem atenção redobrada devido ao seu nível de exposição, contato com agentes contaminantes ou desgaste acelerado.
Veja alguns exemplos:
- Capacetes: sujeira pode esconder trincas e rachaduras. Verificar a suspensão interna, jugular e possíveis deformações.
- Óculos e protetores faciais: limpeza diária das lentes, verificação de arranhões que podem comprometer a visão e, consequentemente, a segurança.
- Protetores auriculares: especialmente os modelos de inserção, precisam ser higienizados com frequência. Espumas desgastadas perdem a vedação.
- Respiradores e máscaras: absolutamente críticos. Acúmulo de poeira, umidade ou agentes químicos compromete a proteção respiratória.
- Luvas: furos, rasgos ou perda de aderência são riscos invisíveis que só são detectados na inspeção.
- Calçados de segurança: devem ser limpos frequentemente e inspecionados quanto ao estado do solado, biqueiras e costuras.
- Cintos, talabartes e dispositivos de ancoragem: inspeção rigorosa em costuras, mosquetões, presilhas e pontos de desgaste.
Limpeza de EPIs: Responsabilidade do trabalhador
De acordo com a NR 6, a limpeza é uma responsabilidade atribuída ao próprio trabalhador, e não é por acaso. Ela faz parte da rotina diária de uso e conservação.
Mas afinal, o que é limpeza? A limpeza significa remover sujidades visíveis como poeira, barro, óleo e graxa.
Quando fazer? Sempre após o uso.
Como fazer? Usar pano seco ou levemente umedecido com água e sabão neutro (quando indicado pelo fabricante), e jamais usar produtos abrasivos que possam danificar o material.
Além de garantir conforto ao usuário, a limpeza diária permite identificar trincas, deformações, desgastes ou avarias que poderiam passar despercebidas.
Higienização de EPIs: Responsabilidade da empresa
A higienização vai além da limpeza e é uma responsabilidade do empregador. Ela consiste na remoção de agentes contaminantes, como:
- Agentes biológicos (vírus, bactérias, fungos);
- Agentes químicos;
- Resíduos industriais específicos;
- Contaminantes de ambientes insalubres.
Quando a higienização é obrigatória?
- Quando o EPI é compartilhado;
- Após exposição a ambientes contaminados;
- Em setores de saúde, saneamento, resíduos, indústria química, mineração, etc.;
- Sempre que o risco biológico ou químico estiver presente.
Como deve ser feita?
- Seguindo as instruções do fabricante do EPI;
- Usando produtos específicos, recomendados para não degradar o material;
- Realizada por profissionais ou setores responsáveis dentro da empresa, com registros e rastreabilidade.
Negligenciar a higienização pode expor o trabalhador a doenças ocupacionais, gerar não conformidades e até ações trabalhistas e fiscais.
Inspeção: Etapa crítica e obrigatória
Após a limpeza, a inspeção visual e funcional é obrigatória. Porque a limpeza revela falhas, desgastes ou danos que não seriam percebidos durante o uso diário.
O que verificar na inspeção?
- Trincas, rachaduras, deformações;
- Desgastes em solados, biqueiras, costuras, suspensões, elásticos, válvulas, filtros;
- Verificar travas, mosquetões, conexões e pontos de costura em cintos e talabartes;
- Conferir a validade do CA (Certificado de Aprovação) e as especificações técnicas;
- Qualquer item fora do padrão deve ser imediatamente retirado de uso e comunicado ao SESMT ou responsável pela segurança.
Manutenção de EPI: O que diz a NR 6 e as melhores práticas
A manutenção dos EPIs não é um “favor” nem uma “boa prática opcional”. Ela é uma obrigação legal da empresa.
Quando fazer?
- De acordo com o cronograma definido pelo fabricante ou pelo setor de segurança da empresa;
- Após qualquer evento que possa comprometer o EPI (queda, impacto, sobrecarga, desgaste observado);
- Periodicamente, dentro das rotinas do sistema de gestão de SST.
Que tipo de manutenção?
- Preventiva: revisão programada, ajustes, substituição de peças desgastadas.
- Corretiva: troca imediata de componentes danificados ou do EPI inteiro, quando necessário.
Por que investir na manutenção?
- Garante que o EPI cumpra sua função;
- Reduz o risco de acidentes;
- Evita multas e passivos trabalhistas;
- Prolonga a vida útil do equipamento, gerando economia.
Boas Práticas e checklists para aplicar na sua empresa
Para garantir conformidade e segurança, recomendamos implementar:
✔️ Protocolos claros de limpeza, higienização, inspeção e manutenção;
✔️ Checklists operacionais e fichas de verificação periódica;
✔️ Capacitação dos colaboradores sobre suas responsabilidades (NR 6);
✔️ Registro fotográfico, assinaturas digitais ou relatórios no sistema de gestão de SST;
✔️ Integração das rotinas de EPI com o PGR, PPRA (quando aplicável) e eSocial.
A gestão dos EPIs vai muito além da entrega, ela deve estar integrada ao PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) da NR 01, reforçando que não é possível tratar EPI de forma isolada, ele faz parte da estratégia global de controle de riscos ocupacionais.
A SELF Engenhari está pronta para ajudar sua empresa a estruturar processos eficientes, alinhados às exigências da NR 6, NR 01 e ao eSocial, de forma a proteger seu time, otimizar operações e eliminar riscos legais.
Quer saber como implementar isso de forma prática e segura? Fale com nossos especialistas.